sábado, 16 de outubro de 2010

A genialidade da arte ● Josef Frank







Josef Frank (1885-1967) foi um artista, arquiteto e designer têxtil genial, que nasceu na Áustria e viveu boa parte de sua vida na Suécia. Ele produziu mais de 160 estampas e itens de design, usando cores e formas da natureza para criar uma sensação de liberdade e amplitude nos espaços urbanos.

E entrou para a história do design ao defender um modernismo humanizado, capaz de responder às necessidades cotidianas das pessoas e de fazer sobressair a história de vida delas, enfatizando o valor sentimental dos objetos que as cercam.

Não há nada errado com a mistura do velho e do novo, com a combinação de diferentes estilos de móveis, cores e padrões. Tudo o que lhe agrada automaticamente se funde para formar um ambiente relaxante. Uma casa não precisa ser planejada nos mínimos detalhes, deve ser uma amálgama do que o dono ama e das coisas que o fazem se sentir em casa.

(Josef Frank, 1958).

Observando seu trabalho, percebemos que as criações de Josef são atemporais e visionárias, pois carregam uma mensagem nostálgica de valorização da vida simples e bucólica, em contraposição à tendência de hipermecanização e distanciamento da natureza associada à noção de progresso.

Este ano, ele foi homenageado com um Doodle pelo Google, na data de seu aniversário de 125 anos, e a empresa declarou que tem em comum com ele o amor pela inovação, considerando o seu espírito criativo uma fonte de inspiração para uma vida melhor.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Whatever Works - Woody Allen


Tudo pode dar Certo é um filme divertido. Sempre achei interessantes as pessoas que têm uma certa dose de angústia e mau-humor em suas almas, o que as torna divertidas (eu desconfio dos bonzinhos demais). Sempre desconfiei também que as pessoas mais espertas são aquelas que, de algum modo, escolhem "dar um pouco errado" na vida, ser gauche, como diria Drummond. Em algum ponto da trajetória, elas percebem que a única fonte real de sofrimento é tentar corresponder às expectativas dos outros e desencanam de vez. Aí, vivem com menos, mas fazem o que gostam, dão valor aos encontros e aproveitam cada dia, cada ida à banca ou ao bar da esquina.

E é assim que o aparentemente ranzinza, fracassado e inflexível Bóris (interpretado com mérito por Larry David, co-criador de Seinfeld) encontra sua redenção. Ele faz uma retrospectiva mostrando como passou de profissional admirado, indicado ao prêmio Nobel, casado com uma bela mulher e dono de um apartamento luxuoso a professor de xadrez nas ruas de Nova Iorque, encarregando-se de repreender crianças dispersas e enfrentar a ira de seus pais. O que levou Bóris a esta mudança foi uma crise de pânico - e uma tentativa de suicídio- decorrente da constatação de que vivia uma vida sem sentido, sem alma, metódica e pouco estimulante. Enfim, ele chutou o balde e foi morar num apartamentinho pequeno e velho, mas com muita personalidade, onde podia ouvir seus velhos discos de música clássica sem ninguém reclamar. E sua maior diversão passou a ser a convivência diária com os amigos, as discussões, as implicâncias e as brincadeiras.

Deste modo, por estar distraído, Bóris acabou esbarrando com Melody (Evan Rachel Wood), uma moça que é a sua antítese, um sopro de ingenuidade interiorana, de sorriso fácil e mente vazia. E isso se tornou irresistível para Bóris. Ela era a utopia...o quadro em branco para o artista pintar. Um pacto de convivência foi criado, eles se casaram. Ela fez com que Bóris a levasse a lugares onde ele nunca pisaria e aceitasse sua enlouquecida família. Já ele a encarou como sua aprendiz e a encaixou em sua rotina. Nestas cenas, vemos a beleza do que sabemos ser insustentável...e sentimos vontade de pronunciar whatever works!

Outra reviravolta, contudo, muda o rumo da história e as peças do jogo mudam de lugar...No fim, com um sorriso no rosto, lembramos do aviso que Bóris nos dá, no início do filme: "Se vieram ver um filme leve, agradável, podem ir embora. Este filme não é agradável". Impossível não discordar de Bóris/ Allen! O filme nos deixa com a sensação de que a vida pode ser boa, realmente boa, e de que tudo pode dar certo desde não nos preocupemos muito em definir o sentido deste certo. Whatever works!

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