quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Cartas de amor


As cartas de amor deveriam ser fechadas com a língua.
Beijadas antes de enviadas.
Sopradas. Respiradas.
O esforço do pulmão capturado pelo envelope,
a letra tremendo como uma pálpebra.
Não a cola isenta, neutra,
mas a espuma, a gentileza,
a gripe, o contágio.
Porque a saliva acalma um machucado.

As cartas de amor
deveriam ser abertas com os dentes.

Fabrício Carpinejar

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Sobre mim.


Dia desses andei pensando sobre coisas que têm a capacidade de me deixar realmente mal. O que me agride? E vieram alguns exemplos, dos mais idiotas aos mais cruéis. Eu fico incomodada quando escuto uma música que não acho legal, quando acordo cedo demais, quando não vem um telefonema que eu estava esperando, ou ainda, quando sei que aquela verdade é, na verdade, uma mentira. O pior mesmo, eu acho, é me saber infiel. Infiel aos outros, nunca animei de ser. Infiel a mim mesma, às vezes acontece. Aí eu fico mal, mas passa.

Ah, bobagem. Quem nunca se traiu? E daí se eu sou assim, inconstante, um pouco rebelde? Às vezes, não quero colaborar comigo mesma. De tudo, tudo mesmo, que possa me fazer mal talvez só uma palavra incomode... perda. Não de objetos, lugares, eventos, romances, nem mesmo sinto receio da simples perda de tempo. Não sou apegada a quase nada, só a pessoas muito queridas. Já perdi pessoas algumas, e isso cortou meu coração, mas as experiências me convidaram a estar mais viva. Será que nada me abala? Longe disso, acontece que se vou pro fundo do poço, na hora vejo a ponta da corda pra me resgatar, eu sempre vejo! Graças a Deus!



                                                                         F.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Tashi Delek

Esse é o amuleto de proteção mais poderoso do budismo tibetano da linhagem ningmapa. Nessa ilustração, Guru Rinpoche, também conhecido como Padmasambava, o buda que levou o budismo para o Tibete no século oito, toma a forma de escorpiões para acabar com com as negatividades.

Proteção pra mim e pra todos que por aqui transitam! É o que eu desejo!


Fonte: http://revistatpm.uol.com.br/blogs/tashidelek/2009/04/18/tashi-delek.html

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Frost/Nixon



Filmaço...o close da câmera é mais revelador do que qualquer investigação.

Mais poesia...


Carrego o peso da lua,
Três paixões mal curadas,
Um saara de páginas,
Essa infinita madrugada.

Viver de noite
me fez senhor do fogo
A vocês eu deixo o sono.
O sonho, não.
Esse, eu mesmo carrego.


Paulo Leminski

Poesia de Drummond


“Clara passeava no jardim com as crianças. O céu era verde sobre o gramado, a água era dourada sob as pontes, outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados; o guarda-civil sorria, passavam bicicletas, a menina pisou a relva para pegar um pássaro, o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranquilo em redor de Clara.

As crianças olhavam para o céu: não era proibido.

A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo.


Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.

Clara tinha medo de perder o bonde das 11 horas, esperava cartas que custavam a chegar, nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim, pela manhã !

Havia jardins, havia manhãs naquele tempo !”


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Cadillac Records


 Cadillac Records ! Filme sobre as origens do rock n' roll. O Blues virando Rock.
Etta James, Muddy Waters, Chuck Berry, Willie Dixon, Little Walter....
os verdadeiros reis do rock.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Contramão




Os encontros acontecem, eles têm sentido e direção.
Os afetos permanecem, mesmo quando entram na contramão.


F.

Leila Ferreira no Sempre um Papo


Dia desses fui assistir a uma palestra da Leila Ferreira, no projeto Sempre um Papo. Fui sem saber bem o que encontraria. Sempre achei ela simpática, sorridente, próxima, informal. Incomodava um pouco aquela impressão de que ela fazia parte do grupo de pessoas que estão sempre super felizes, acho estranho isso.

Bom, mas o que eu vi e ouvi foi surpreendente. Era ela lá, humana, de carne e osso, sem personagem, contando pra gente um pouco da sua vida. Pontuando com palavras leves e risonhas momentos de uma história por vezes pesada demais. Explicando que dá pra ser leve mesmo quando a vida se torna incrivelmente pesada. Ela se emocionou algumas vezes...contando suas histórias de vida e histórias de outras pessoas, e conseguiu emocionar a plateia.

O bom de ouvir gente é conhecer mais essa vida da gente. Ah, e coisa muito linda foi o que ela disse sobre essa questão da estima nos dias modernos. Todo mundo se preocupa com baixa estima, autoestima, essas coisas. Pra ela, o importante é ter uma estima coletiva, pensar no outro, viver com o outro. Viver de forma simples, sem se supervalorizar ou valorizar demais coisas transitórias, materiais. Buscar o imaterial pode não nos poupar de sofrimento, mas nos dá leveza, sabedoria pra enfrentá-lo. Concordo!


* Passagem poética da palestra: ela contou que, em sua infância, ela e sua mãe viviam de forma bem simples, pobre mesmo. E que o pai era uma pessoa rude, agressiva. Assim, quando a mãe, professora, chegava em casa, às vezes encontrava uma criança triste no portão. Então, ela deixava de almoçar, segurava a menina pelas mãos e iam as duas para o quintal. Sentavam embaixo de uma grande mangueira e conversavam sobre tudo, perguntavam-se como seria o futuro....não havia resposta. Aí a mãe dizia para a menina: agora vamos, já penduramos nossas perguntas nas folhinhas dessa árvore, e a vida vai tratar de respondê-las. Emociona!


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