sexta-feira, 30 de maio de 2008

Resposta que faltou


A vida dá muitas voltas. E fica tonta por aí.
Não é ela que me leva, sem eu ao menos pedir?

Mas não importa, basta ver o que consegui.
Paisagem interior para olhar.
E todo o dia sempre o mesmo amor a amar.

No saldo de perdas e ganhos, não fecho as contas.
É que a matemática dos dias não se rende à lógica.

Há ainda a voz: sempre, tentativa e erro.
O problema é que nasci assim.
E quando erro, acerto.

Se ficava acuada, hoje espero sim.
Prefiro a iminência do abismo, a andar por caminhos ruins.

E sinto que sou exatamente o que sinto.
Sou oásis em meio a desertos.
Acima de mim, o infinito.



F.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Limite



Tem dias que a vida não é leve e então o melhor é rezar. Mas acontece que não ando aceitando nada que eu não mereça escutar. E então, de calma, eu me agito. Não é que eu faça um escândalo, nem mesmo chego a gritar. Só não quero conselhos vazios e nem alguém que vá me machucar. No fim, volto à essência, e tudo não passa daqui. Sei que ultrapassei o limite, mas se assim fiz foi para avisar até onde, em mim, alguém deve chegar.

F. 

Em defesa do sonho de cada dia




A vida tem como matéria o sonho. E sonhar, apesar de parecer algo contrário à realidade, é a única realidade possível. Repare! Subtrai-se sonho, perde-se vida. Sonhar acordado nada mais é do que viver além da conta. E sonhar dormindo são histórias da vida que recontamos para nós mesmos.

Um homem não pode viver sem seus sonhos. Que falte o ar, a comida, mas os sonhos não, por favor! Nos sonhos não há erro, nem censura. Não há tiranos, nem escravos. Não há motivo para o perdão. É possível sonhar a qualquer hora, em qualquer lugar.

E mesmo aqueles que já não têm mais nenhum sonho nesta vida, sonham em dela se deixarem levar. Sonhar é a expressão máxima da liberdade, tem caráter pessoal e intransferível.

Não acho, sinceramente, que devamos cair em devaneios. Defendo, sim, que sejamos realistas ao extremo e que, portanto, desgarremo-nos desta realidade inútil para que, enfim, vivamos (ou sonhemos) em paz.

F.  

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Fim do dia




A brisa leve encosta em meu rosto e diz
que as noites não são mais suas do que minhas.

F. 




sexta-feira, 23 de maio de 2008

Insights após às 12 PM



Se o que eu quero é tão simples
porque não consigo explicar?

E se tenho tanta certeza
porque não corro a buscar?
 

Se não vou e me atormento
porque quero chorar?

E se chorar é algo que posso
porque não me deixo levar?

E se tudo isso é tão complexo
porque eu insisto em perguntar.


F.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Dentro.



Não tenho nada a esconder
que seja visível.

O que não pode ser tocado
está guardado dentro de mim.

F.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Educação sentimental

Para quem faz do sonho a vida (...) o primeiro passo, o que acusa na alma que ele deu o primeiro passo, é o sentir as mínimas coisas extraordinária e desmedidamente.

Livro do desassossego. Fernando Pessoa

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Estas bonecas não têm manual


Algumas bonecas são rebeldes
e gostam de desobedecer.

E preço que pagam por isso
é se permitirem um outro jeito de viver.

Ficam gastas, perdidas em um canto,
na mesma posição, esquecidas.

Já não enfeitam mais as brincadeiras,
nem as rodas de amigas.

Seu tempo passou,e lá estão elas, abandonadas, enfim, livres!

F.

domingo, 4 de maio de 2008

Reflexões sobre o amor II


O que fazer quando o amor sentido
não cabe em quem ama
e transborda para o ser amado?

O que pensar quando
em um instante
o mundo gira ao contrário

e o coração
bate
tanto e tanto
completamente descontrolado?

F.

Homenagem

Homenagem a Augusto de Campos - poeta multimídia

Violente a minha atenção, encha meus olhos com seus gritos estúpidos
mate tudo o que não for você, imponha sua força: obrigue-me a cair aos seus pés
agarre-me o mais forte que puder e entupa meus ouvidos com seus discursos irados.
E, atônito, verás que não me anulo, dissolvo tudo até que desbotem as cores
e recoloco cada coisa em seu lugar.

F.


sábado, 3 de maio de 2008

Bebezinho novo


Bebezinho tá lá dentro

esperando pra olhar


esse mundo muito estranho

e depois, buá, chorar!



*Para o meu afilhado muito fofo que vai nascer !

F.


Reflexões sobre o amor I



Eu quero para mim um amor de primavera. Diferente dos outros. Não é como o de verão, que arde na pele. Nem como o de outono, que se perde no ar. E menos ainda como o de inverno, que quer abraço para espantar o frio. Eu falo da primavera, amor que surge do nada e se multiplica, que invade os sentidos e fica.

F.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Ontem.



Ontem, ao meu redor,

o céu, de um azul tão intenso,

anunciava a noite

e ia engolindo o dia

lentamente...

F.

Detalhes de uma guerra íntima


Existem momentos
para os quais nenhuma explicação é plausível.

A natureza se impõe, o instinto pede urgência
e quem pensava estar imune enreda-se, não foge.

E então despertam os dois, agora outros.
Imaginando-se senhores de si,
nem desconfiam de que apenas cumprem seus destinos.

F.





quinta-feira, 1 de maio de 2008

Way of Life



Ginástica. Sono Profundo. Sorriso. Silêncio. Casar. Pensar em caminhar. Comprar flores. Deitar na grama. Aprender a amar. Acordar. Decepcionar. Querer colo. Ser boa. Ser má. Pedir paz. Esperar um filho. Ir viajar. Arder. Qualquer lugar. Poder voltar. Apenas viver.

F.

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