quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Cartas de amor


As cartas de amor deveriam ser fechadas com a língua.
Beijadas antes de enviadas.
Sopradas. Respiradas.
O esforço do pulmão capturado pelo envelope,
a letra tremendo como uma pálpebra.
Não a cola isenta, neutra,
mas a espuma, a gentileza,
a gripe, o contágio.
Porque a saliva acalma um machucado.

As cartas de amor
deveriam ser abertas com os dentes.

Fabrício Carpinejar

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