quinta-feira, 18 de junho de 2009

Sabedoria


Dê um passo para trás

Dar um passo atrás é observar o que acontece por outro ângulo, ou seja, um processo fundamental para relativizar o sofrimento. Quando estamos totalmente imersos no rio, ou em nosso sofrimento, podemos nos afogar sem perceber. A água entra pelo nariz, turva os olhos, não conseguimos respirar. Precisamos, então, sair um pouco da turbulência, respirar oxigênio, ganhar forças, olhar o rio da margem e não de dentro dele para percebermos que não somos o próprio rio, só estamos envolvidos nele momentaneamente.
Acolha a dor

Buda não ensina como superar a solidão, o medo, o desconforto. Ele diz que só seremos capazes de encontrarmos a liberdade ao aceitarmos os sentimentos que vivenciamos. A questão não é superá-los, mas aprender a conviver com eles. É possível percebermos que estamos sofrendo, aceitarmos essa condição e, no entanto, não nos deixarmos engolir pela dor.
Desconfie dos seus julgamentos

Vemos o que esperamos ver, limitados pela nossa própria capacidade de observação.O que percebemos, porém, pode não ser a realidade como ela é. Agarramo-nos às nossas percepções e conclusões e as defendemos com unhas e dentes, sem perceber que elas têm grandes chances de não serem reais. Olhamos para a vida dominados por nossas percepções, concepções e emoções. E elas são filtros que distorcem a realidade. Aceitar que podemos não ter razão em nossos julgamentos é fundamental para relativizar e anular sentimentos ruins.
Entenda que sofrer faz parte da vida

A Primeira Nobre Verdade de Buda: o sofrimento (Dukkha) existe e é uma condição natural da humanidade.
É fundamental sabermos diferenciar sofrimento "natural" do "autocriado". O primeiro consiste no inevitável, são as dores ligadas ao nascimento, envelhecimento, doença e morte. Os outros tipos de sofrimento se desenvolvem com base em avaliações psicológicas autocriadas, experiências que surgem de nossa interpretação dos fatos e eventos. Esses sentimentos dolorosos são baseados em histórias que contamos a nós mesmos, enraizadas em nosso inconsciente, sobre não sermos suficientemente bons, ricos, bonitos ou seguros, com base no que nos cobram ser. Na verdade, o sofrimento, na interpretação oriental deve ser lido mais como incômodo, desconforto, como aquilo que ainda raspa no nosso peito mesmo quando estamos muito felizes. O incômodo natural nos lembra nossas limitações, nossa finitude como matéria, exercita nossa humildade e a capacidade de aceitação da vida como ela é. Já o incômodo artificial, criado pela mente, não passa de invenção e sendo assim, pode ser varrido, soprado da mente, afastando as sensações negativas.

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