sábado, 2 de maio de 2009

Woody Allen

Woody Allen - "Se Deus pelo menos tossisse!"



Sempre considerei Woody Allen como uma espécie de "guru" na árdua tarefa de ajudar a decifrar a intrincada rede psíquica que habita nossa mente. Seus roteiros "bebem" diretamente na fonte da psicanálise e mostram o quão assolados por dilemas morais somos todos nós.
Allen nasceu no Bronx, em 1935. Sempre foi um garoto problemático e conseguiu, inclusive, ser suspenso da New York University. Começou a fazer análise em 1959 e desde então não parou mais. Sobre essa experiência, ele comentou, com atento descaso:
"Faço análise há trinta anos e a única frase inteligente que já ouvi do meu analista é a de que preciso de tratamento".
Allen é uma máquina de trabalhar e dirigiu impressionantes 39 filmes até o momento. Adivinha qual será o cenário de seu próximo filme? Oui Monsieur! Paris! Seus ídolos são Federico Fellini, Grouxo Marx e Ingmar Bergman. Nunca quis receber os inúmeros prêmios ganhos por sua obra, justificando que sempre esteve ocupado demais trabalhando para ir a qualquer premiação. Extremamente espirituoso e irônico, é de fala direta e expressa uma filosofia de vida bastante peculiar: o indivíduo prospera no caos, não tentemos organizá-lo ou buscar um sentido maior para tudo.
  • "Você pode viver até os cem anos se abandonar todas as coisas que fazem com que você queira viver até os cem anos."
Qual é mesmo o sentido de querermos sorver a vida até a última gota, se não pudermos fazê-lo de forma prazerosa? Se for preciso vivemos menos, mas não abrimos mão de continuar nossa insaciável busca pelo prazer. Assim,insistimos em praticar determinados "delitos" que nos retiram alguns preciosos nacos de vida, e a paz de espírito, mas que garantem a dose de éter que precisamos para seguir vivendo.
  • "Mais do que em qualquer outra época, estamos numa encruzilhada. Um dos caminhos leva à catástrofe e ao mais terrível desespero. O outro leva à extinção total. Vamos rezar para que façamos a escolha certa".
Outra coisa que encanta em Allen é seu jeito sarcástico - mas terrivelmente bem humorado - de constatar que a humanidade não tem mesmo jeito. Ele é um dos que aponta o erro monumental que inaugura a era moderna, quando a razão passa a colocar o indivíduo em uma posição de egolatria bastante perigosa.
  • "Meu pai trabalhou na mesma empresa durante doze anos. Eles o demitiram e o substituíram por uma maquininha deste tamanho, que faz tudo o que o meu pai fazia, só que muito melhor. O deprimente é que minha mãe também comprou uma igual".
O interessante é que tanto em seus filmes quanto em seus textos transparece essa questão de reconhecer que a pequenez e a grandeza são contraditórias, mas intrinsecamente ligadas à condição humana.
  • "Minhas notas na escola variaram de abaixo da média a abaixo de zero. Fui reprovado no exame de Metafísica. O professor me acusou de estar olhando para a alma do rapaz sentado ao meu lado".
E, por fim, um fragmento da simplicidade genial de Allen, lapidado pelos anos de análise e citado em Crimes e Pecados:
  • "É muito difícil fazer sua cabeça e seu coração trabalharem juntos. No meu caso, eles não são nem amigos".
Ah, e é claro, algo sobre a visão de Allen a respeito de sexo - o tema preferido dele. Senão não seria woodyalleniano, kkk.
  • "Amor causa tensão. Sexo a alivia". Isso é definitivamente Woody Allen!!!


::: "Por que Deus não fala comigo? Se Ele pelo menos tossisse!" :::
*** Todos os filmes são bons, mas eu destaco Vicky Cristina Barcelona, A rosa púrpura do cairo, Match Point, Scoop, Noivo Neurótico Noiva Nervosa, Hannah e suas irmãs, A Era do Rádio, Crimes e Pecados, Tiros na Brodway, Desconstruindo Harry, Poucas e Boas.

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