terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Dia histórico

A data20/01/2009. Data histórica. Barack Obama é oficialmente o novo presidente dos EUA. O primeiro presidente negro do país. A solenidade teve início ao meio dia (15 h em Brasília) e Obama fez o juramento com a mão sobre a mesma bíblia usada por Abraham Lincoln, em 1861. Ao final, incluiu o "so help me God", que encerra os juramentos desde o séc. XVIII.
Trajetória
Barack é filho de Barack Hussein Obama, um homem negro do Quênia educado em Harvard e de Ann Dunham, uma mulher branca de Wichita, no Estado do Kansas. Nasceu em Honolulu, no Havaí, em 4 de agosto de 1961, e seus pais se separaram quando ele tinha dois anos. Ele morou na Indonésia enquanto criança, após sua mãe se casar com um indonésio, e depois viveu no Havaí, com seus avós. Sua adolescência no Havaí foi marcada por certa rebeldia. Na época, Obama experimentou algumas drogas mas, adotando postura diferente da de Clinton, não tenta mascarar este fato. Prefere responder de forma corajosa aos que vinculam esta passagem de sua vida a uma provável inadequação como homem público: "o americano médio sabe que o que alguém faz quando é adolescente, há 30 anos, provavelmente não é relevante em como vai desempenhar seu papel de presidente dos Estados Unidos".
Com um bom histórico escolar, Obama formou-se em direito na tradicional e renomada Universidade Harvard e trabalhou como professor e defensor dos direitos civis em Chicago antes de ser eleito senador por Illinois, em 2004. Foi em Harvard que Obama conheceu sua mulher, Michelle, com quem se casou em 1992. Em uma campanha que prega o novo, Michelle é um dos pontos altos da ascenção política de Obama. Ela é negra, tem formação universitária e teve participação ativa em toda a campanha. Obama e Michelle têm duas filhas e, apesar dele ser de família que segue a religião mulçumana, converteu-se ao cristianismo, integrando a igreja Batista.
Campanha
Quanto ao que se viu na campanha, Obama demonstra, acima de tudo, ter consciência de que capacidades comunicativas afiadas são fundamentais para a disseminação de idéias junto à sociedade. Sua retórica, baseada na razão, mas não distante da emoção, assegura o carisma e a credibilidade necessários. E suas posturas articuladoras, conciliadoras, pouco raivosas, contribuem para intensificar as distinções entre o way of life democrata x republicano. Pra se ter uma idéia, até beijo de despedida ele deu no casal Bush (hahaha...). Estimulado por concorrer ao cargo executivo mais importante no país onde o marketing se estabeleceu como disciplina, Obama cercou-se de profissionais de alto nível, que consideram as ferramentas mercadológicas como fios condutores capazes de movimentar a dinâmica social. O resultado foi surpreendente: conseguiram colocar "the right thing at the right place".
O que ocorreu foi uma verdadeira "guerra viral", com ações fantásticas, integrando meios e mensagens, sintonizando a força e a juventude das novas mídias, como a internet e os dispositivos móveis, com o poder e a credibilidade das mídias convencionais. Em síntese, o grande pulo do gato de Obama foi fugir dos discursos do tipo "lobo em pele de cordeiro" e desviar (com grande inteligência) dos dilemas morais que apontam o marketing e a publicidade como artefatos para se vender alienação com embalagem bonita. Ou seja, ele investiu em conteúdo, não teve medo de tocar nas feridas do povo americano e de mostrar para o resto do mundo que está sintonizado com todas as aflições globais. E isso é raro em política. Por outro lado, contou com uma equipe que não aceita o rótulo de "marketeira". Se o discurso está certo, tem-se que "distribuí-lo" da maneira correta também. Muito se fala da coroação de Obama como ícone da cultura pop, muito se fala dos "produtos" Obama, que vão de canecas e bottons a wallpapers e vídeos do Youtube, além de outros mimos virtuais. Certo é que se investiu em uma fórmula que muitos conhecem, mas poucos aplicam: conteúdo e forma juntos, e cada um em sua dose certa. Não é apenas efeito midiático, tem isso também, mas há consistência nas idéias. E uma coisa impulsiona a outra.
E agora...
O jogo começará, efetivamente, a partir de agora. Afinal, estratégias de comunicação e marketing não minimizam os efeitos de duas guerras como a do Iraque e a do Afeganistão, não acabam com a crise que eclodiu no setor financeiro americano e contaminou o mundo, não tiram sozinhas a economia americana do buraco e nem "limpam" a enorme sujeira ambiental do país. Por outro lado, elas são decisivas para que se tenha a adesão e a confiança dos cidadãos do planeta (e não somente dos americanos) quanto ao projeto de governo que Obama quer colocar em prática. Ele sabe disso... e vai fazer desse jeito. E nós, profissionais da área, podemos aguardar mais aulas sobre as boas práticas de marketing.
... "So help him, God".

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